terça-feira, 28 de maio de 2013

Fonte: arquivo pessoal(Province-Cote d'Azur, France)


Era uma manhã como qualquer outra no mês de fevereiro de 2008. Eu estava prestes a começar o terceiro ano da faculdade, empolgada para que o próximo ano chegasse o mais rápido possível. Naquela manhã, recebemos a ligação da minha madrinha dizendo que meu avô(o único que conheci) estava sendo internado no hospital. Ele já havia completado 90 anos e era o único da sua geração na família que ainda estava vivo.
Ele passou por poucas e boas nessas 9 décadas, desde um câncer no estômago(que foi curado sem que ele nem soubesse que um dia o teve) a outras dificuldades. Sua memória já não funcionava tão bem e mesmo indo todo final de semana visitá-lo, ele sempre comentava "o quanto eu tinha crescido" mesmo já tendo meus 19 anos e "quanto tempo fazia que eu tinha aparecido por lá" mesmo que eu tivesse ido na semana anterior. Ele contava muitos "causos" do passado e mesmo no seu pouco estudo, era um homem muito inteligente.

Quando recebemos aquela ligação, todos já sabíamos que ele não voltaria mais para casa. Ele estava fraco, seu corpo já não absorvia o que ele comia, ele não tomava mais banho sozinho e era de se ver que ele "estava só esperando a morte chegar". Como ele mesmo dizia, "se não morrer enquanto jovem, de velho não passa!"
Como ele tinha mais de 65 anos, uma lei obriga que um parente fique com ele no hospital durante todo o tempo.

Minha mãe foi fazer o seu turno no dia seguinte. Ela nos ligou em torno do meio dia para dizer que ele havia sofrido um AVC e que sua voz estava comprometida. Fomos levar almoço pra ela, mas não pudemos visitá-lo porque o horário de visitas era só a partir das 16h. Era sábado, voltamos pra casa e eu fiquei no computador como de habitude. Mas algo não me deixava em paz e eu resolvi que queria ir ao hospital visitá-lo. Pedi ao meu pai, que relutou. Meu pai é uma pessoa excepcional, mas é do tipo que não gosta de hospital, velórios, enterros... Ele não se sente bem de ver aquela pessoa que ele costumava ver cheia de vida, ali, prostrada numa cama de hospital. Ele prefere guardar as boas lembranças. E eu entendo e não o culpo.

Mesmo com a minha insistência, ele disse que não me levaria. Ele me deu a chave do carro e me disse para ir sozinha. Fazia pouco tempo que eu tinha tirado minha habilitação e tinham sido poucas as vezes que havia dirigido sozinha. O hospital era longe e eu não tinha certeza que sabia exatamente o caminho, além da minha falta de experiência no volante. Resolvi deixar de lado e tentei voltar ao computador. Mas aquele mesmo sentimento não me deixava em paz e me dizia para ir. E eu fui.

Chegando no hospital, me deparei com aquele homem que tinah em ensinado tantas coisas na vida, me segurou no colo no meu primeiro dia de vida, me ensinou a jogar cartas e tantas outras coisas, ali, deitado naquela cama de hospital com uma voz irreconhecível, com os olhos acinzentados e sem brilho. Ele sorriu e falou algo quando cheguei, mas sua voz estava muito comprometida e não podíamos entendê-lo. Era hora da sua janta e mesmo não sendo sua comida preferida, ele tomou um pouco da sopa que a enfermeira lhe deu na boca. Seus pés estavam meio arroxeados e ele tinha um triste adeus no seu olhar. Fiquei no quarto até depois da hora das visitas e ele não queria que eu fosse embora. Dei um abraço, um beijo e disse que voltaria no dia seguinte. No fundo, eu sabia que poderia não existir "o dia seguinte" para ele. Fui embora despedaçada.

Voltei para casa e estava em paz. Cada vez que o telefone tocava, o coração disparava pensando ser aquela má notícia que ninguém quer receber.
No dia seguinte, minha madrinha ligou falando que ele estava em coma, não abria mais os olhos, não falava mais e sua respiração estava fraquinha. Eles se reuníram, chamaram o padre para a extrema unção e a partir daí, ele poderia nos deixar a qualquer momento. Mas pareceia que ele não queria ir até ter "visto" todos os filhos.

Na tarde daquele dia, minha madrinha iria às 16h trocar de turno com uma prima que estava lá. Eu e minha mãe fomos visitá-lo também. Quando chegamos no quarto, a prima estava sentada num cadeira do lado dele. Ele estava pálido, a boca entreaberta. Eu olhava para ele enquanto elas conversavam e não via nenhum movimento de respiração. Dei uma olhada no aparelho que mede os batimentos cardíacos e ele não marcava nada. Eu sabia que ele estava morto mas não conseguia esboçar nenhuma reação até que minha mãe percebeu a minha reação e viu que ele havia morrido. "Morreu como um passarinho", como mamãe diz.  Chamamos as enfermeiras, elas nos retiraram do quarto e eu experienciei uma das maiores dores que já senti. A dor que sentimos quando sabemos que agora, tudo que nos resta são as lembranças. E entre essas lembranças, eu tinha o alívio de ter feito aquilo que eu achava que deveria fazer. Eu superei meu medo e fiz o que deveria.

E o que quero dizer com todo esse post bíblia contando de um fato da minha vida que não interessa à muita gente? Nesse momento da minha vida, eu aprendi que devemos fazer tudo o que achamos que devemos fazer hoje, agora. Devemos demostrar nosso amor, carinho, respeito aqueles que julgamos importantes na nossa vida hoje, agora. Amanhã pode não mais existir e você nunca mais terá a oportunidade que teve hoje de demonstrar tudo o que você sentia. Ele se foi, mas mesmo nos seus últimos momentos, ele se foi sabendo o quanto eu o amava. Não desperdice as oportunidades que a vida lhe dá e diga às pessoas tudo o que você sente, mesmo que você ache que elas já saibam disso. Lembre-se que o dia é hoje, o momento é agora.
Postado por Suellen terça-feira, maio 28, 2013 1 comentário Leia Post Completo

terça-feira, 28 de maio de 2013

sábado, 25 de maio de 2013

Bandol, Cote d'azur France

Às vezes parece que o ciclo nunca termina. Você acha que porque cresceu e agora está no mesmo nível dos outros ninguém mais vai ter pena de você - ou que você não será mais objeto de pena dos outros. Eles não precisam de você, mas só pra nao te deixarem se sentir inútil, eles te convidam a fazer parte. Talvez isso pudesse ser visto como uma boa ação, se eles nao deixassem claro mais tarde que foi apenas por caridade.
Assim tem sido por 25 anos e quem sabe assim será também pelos próximos 25. Se é que existirão outros 25.
A vida tem dessas, a gente nunca sabe pra onde o barco vai pender. E às vezes ele não pende pra lado nenhum e você não sabe pra que lado remar - fica em alto mar esperando uma tempestade ou um vento vindo sabe-se de lá onde. E a tempestadade as vezes chega, destruindo o pouco que você construiu, chegando até a naufraugar o barco. Por vezes, é até melhor - é mais difícil consertar um barco quebrado, tendo que relembrar tudo o que você passou para construí-lo do que construir um novo. E é bem isso que me atrai.
Penso as vezes que eu não vá chegar algum dia em lugar algum. Estou sempre construindo novos barcos, por cima de velhos sentimentos. É como construir um barco novo em cima da velha carcaça - ele nunca será novo e nem tão forte. Volta e meia me pego esbarrando naqueles sentimentos que pensei que tivesse enterrado junto com o barco naufragado. Eles nunca morreram, apenas estão camuflados. E não é preciso mais do que uma frase para fazê-los virem à tona e eu me sentir como aquela pequena criança indefesa que não entende porque o mundo se vira contra ela sem ela ao menos ter feito algo errado. E esses sentimentos vem forte, rasgando tudo o que veem pela frente.
Sinto como se estivesse remando para todas as direções ao mesmo tempo, empenhando tempo e força à remar em círculos infinitos, que por vezes me fazem sentir como se eu estivesse encontrado aquela luz no fim do túnel. É um sentimento bom, que acalma e traz paz momentaneamente. O problema é que depois, é como se ele te jogasse num quarto escuro da dor - e ali você fica por um bom tempo.
O problema da dor é que geralmente nos acostumamos com ela. Com o passar das dores(leia-se passar do tempo mas dores cai bem melhor nesse contexto), continuamos tentando mesmo sabendo o que vai acontecer no final. Mas já não sentimos doer tanto, na verdade, já estávamos preparados para quando a dor viesse. É como estar preparado para receber aquela visita inconveniente que não temos a chance de arrumar uma desculpa qualquer para não receber. Ela vem, com toda a força para te destruir. E destrói. Arruína sonhos e planos, desejos e fantasias. Mas você já estava preparado. E o ciclo continua...
Postado por Suellen sábado, maio 25, 2013 0 Comentários Leia Post Completo

sábado, 25 de maio de 2013

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Se eu escrevesse todos os textos que se passam na minha mente, eu já teria escrito uma enciclopédia. Mas como a preguiça e os dedos nao conseguem escrever na velocidade dos meus pensamentos, eu acabo deixando-os passar e virar mais uma memória daquilo que eu pensei e nao disse. Como as inumeras memorias da minha vida, de coisas que pensei e nao fiz ou que pensei e larguei mao por pensar serem bestas demais.
Como o tempo a gente aprende que nada é besta demais. Tudo, um dia ou outro acaba fazendo sentido; o problema é que quase nunca faz sentido quando a gente queria que fizesse.
Já pensei em gravar um video inumeras vezes, videos de uma dia de inverno, um dia de outono, das flores lindas da primavera... Mas a neve se foi, as folhas do outono cairam todas e as flores deram lugar às belas folhas verdinhas. E lá se foi mais uma oportunidade perdida.
Nunca fui do tipo de pessoa que teve muita sorte na vida. As coisas pra mim sempre foram mais dificeis, mais longas, mais dolorosas... Talvez eu tenha nascido no pior dia, na pior hora do ano, em que o sol fazia oposição à algum planeta e a lua estava em marte ou algo do tipo. Sempre fui aquela a ser a ultima escolhida pro time - aquela que sempre sobrava. Aquela que nunca tinha grupo nos trabalhos em grupo. Aquela que nunca conseguiu fazer conexoes, ter muitos amigos. Aquela que nunca se interessou por nada especifico porque tudo me fascina.
Mas ao mesmo tempo, minha mente parece ter asas e a minha necessidade de mudanca é constante. Sempre fui do tipo que abandonava o brinquedo assim que descobrisse todas as funcionalidades dele - ou que ele nao fazia exatamente aquilo que eu imagiva. E eu sempre me decepcionava com eles a cada natal ou aniversario.
Depois que cresci, percebi que a minha ânsia por mudanças continua constante. Nao consigo morar muito tempo no mesmo lugar, depois que já conheço todas as ruas e caminhos. Depois de ver a mesma paisagem pela minha janela. Fazer a mesma coisa toda dia me entedia, ter um patrão para me dizer o que fazer me irrita - eu tenho asas, só não sei voar.
25 Anos se passaram e eu ainda não sei onde eu pertenço. Não sei para onde ir, não sei onde quero chegar.
Postado por Suellen quinta-feira, maio 23, 2013 1 comentário Leia Post Completo

quinta-feira, 23 de maio de 2013

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Nao pude postar ontem porque o dia foi bem corrido. Saí do estágio às 13:50 pra chegar até o trabalho do namorado lá na pqp e de lá dirigirmos 8h até o sul da França. Passamos por Lyon e chegamos até Toulon. Hoje fomos visitar Marseille. Não gostei muito nao, achei a cidade feia e o povo feinho também. Saem atravessando a rua onde dá na telha, andam no meio do rua e os carros que se virem pra desviar. Achar lugar pra estacionar é lenda, as ruas sao esquisitas e o povo estaciona metade do carro em cima da calçada. Claro que estacionamos o carro la na pqp e fomos andando até o porto. Eu estava de sapatinha sem meia e como os pés comecaram a suar, o pe comecou a machucar e eu mal conseguia andar depois. Mas o dia estava lindo e ensolarado, fazia mais de 20C!(se voce morar 1 mes em Paris vc vai entender a felicidade).

O site doutissimo está um sucesso e agora mudamos de dominio para melhorar a navegacao. Agora é www.doutissima.info

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http://doutissimo.com/2013/04/29/regras-fundamentais-para-uma-boa-higiene-intima/
http://doutissimo.com/2013/04/29/realcando-a-beleza-natural-dos-cabelos-escuros/

Postado por Suellen quarta-feira, maio 01, 2013 0 Comentários Leia Post Completo

quarta-feira, 1 de maio de 2013

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