Bandol, Cote d'azur France
Às vezes parece que o ciclo nunca termina. Você acha que porque cresceu e agora está no mesmo nível dos outros ninguém mais vai ter pena de você - ou que você não será mais objeto de pena dos outros. Eles não precisam de você, mas só pra nao te deixarem se sentir inútil, eles te convidam a fazer parte. Talvez isso pudesse ser visto como uma boa ação, se eles nao deixassem claro mais tarde que foi apenas por caridade.
Assim tem sido por 25 anos e quem sabe assim será também pelos próximos 25. Se é que existirão outros 25.
A vida tem dessas, a gente nunca sabe pra onde o barco vai pender. E às vezes ele não pende pra lado nenhum e você não sabe pra que lado remar - fica em alto mar esperando uma tempestade ou um vento vindo sabe-se de lá onde. E a tempestadade as vezes chega, destruindo o pouco que você construiu, chegando até a naufraugar o barco. Por vezes, é até melhor - é mais difícil consertar um barco quebrado, tendo que relembrar tudo o que você passou para construí-lo do que construir um novo. E é bem isso que me atrai.
Penso as vezes que eu não vá chegar algum dia em lugar algum. Estou sempre construindo novos barcos, por cima de velhos sentimentos. É como construir um barco novo em cima da velha carcaça - ele nunca será novo e nem tão forte. Volta e meia me pego esbarrando naqueles sentimentos que pensei que tivesse enterrado junto com o barco naufragado. Eles nunca morreram, apenas estão camuflados. E não é preciso mais do que uma frase para fazê-los virem à tona e eu me sentir como aquela pequena criança indefesa que não entende porque o mundo se vira contra ela sem ela ao menos ter feito algo errado. E esses sentimentos vem forte, rasgando tudo o que veem pela frente.
Sinto como se estivesse remando para todas as direções ao mesmo tempo, empenhando tempo e força à remar em círculos infinitos, que por vezes me fazem sentir como se eu estivesse encontrado aquela luz no fim do túnel. É um sentimento bom, que acalma e traz paz momentaneamente. O problema é que depois, é como se ele te jogasse num quarto escuro da dor - e ali você fica por um bom tempo.
O problema da dor é que geralmente nos acostumamos com ela. Com o passar das dores(leia-se passar do tempo mas dores cai bem melhor nesse contexto), continuamos tentando mesmo sabendo o que vai acontecer no final. Mas já não sentimos doer tanto, na verdade, já estávamos preparados para quando a dor viesse. É como estar preparado para receber aquela visita inconveniente que não temos a chance de arrumar uma desculpa qualquer para não receber. Ela vem, com toda a força para te destruir. E destrói. Arruína sonhos e planos, desejos e fantasias. Mas você já estava preparado. E o ciclo continua...
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